Esgotamento emocional: saiba os sinais de que a mente está no limite

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Em tempos de pandemia é preciso falar sobre esgotamento emocional. Em um período onde a maioria de nós está distante da família, amigos e até dos colegas de trabalho, a importância do autocuidado tem sido ainda maior. Para falar sobre o tema, o Mulher Conectada conversou com a psicóloga e supervisora responsável técnica pelo serviço de Psicologia Hospitalar, Meire Rose Cassini.

Ela explica que o esgotamento emocional é uma condição que traz uma sensação de cansaço e fadiga mental. “E isso impacta no dia a dia. A pessoa passa a apresentar dificuldades em realizar tarefas rotineiras de maneira constante, como costumava fazer. Tudo se torna desgastante e cansativo”.

Além disso, ela explica que o esgotamento emocional pode alterar nosso comportamento e humor. “Com alterações de sono, apetite, irritabilidade, bem como nervosismo, quadros de ansiedade e estresse. Ademais, há também impactos causados à própria pessoa. E eles afetam suas relações interpessoais, familiares, sociais e afetivas. Pode ainda afetar o trabalho, proporcionando desmotivação, tristeza e um sentimento profundo de incapacidade”.

A psicóloga acrescenta que o esgotamento mental e emocional ocorre em função de uma sobrecarga ao sistema psicológico. “Por uma exigência maior ao que esse sistema pode dar. Quando não se é dado tempo adequado para que o organismo, ou seja, o corpo, se recupere entre um e outro desafio. E isso vem de um processo. O esgotamento não é algo que ocorre de um dia para o outro”.

Sinais do esgotamento emocional

Meire acrescenta que a primeira observação é buscar identificar em si mesmo alterações e mudanças que podem estar afetando e como isso tem acontecido. “Essa auto-observação exige tempo, ou seja, um período de alguns meses para que se perceba mudanças. Além disso, observar a ocorrência, se tem sido frequente, como tem sentido em seu organismo, no seu corpo e em seus pensamentos, sentimentos e emoções”.

Diante disso, é possível reconhecer alguns sinais e sintomas que costumam evidenciar. “Os mais recorrentes são o nervosismo ou incômodo na maior parte do dia e quadro de somatizações.  Pode ainda surgir alguns sintomas físicos como dores de estômago, costas, cervicais ou de cabeça mais de duas vezes na semana”.

Problemas de concentração e sensação de perda de memória também podem ocorrer. “A pessoa pode, inclusive, esquecer assuntos importantes. Além disso, fica desanimada ou estressada. Pode também se sentir desinteressada e desmotivada. Costuma apresentar um forte quadro de sobrecarga e falta de energia”.

Desânimo, desinteresse ou falta de motivação que antes não ocorriam costumam ser sinais de esgotamento emocional. “Além disso, dificuldade e problemas de sono, bem como alimentar como inibição ou aumento de apetite. Por fim, a alteração de consumo de substâncias como o álcool, surgimento de hipersensibilidade ou irritabilidade, dificuldade para se conectar com o presente e, sobretudo, perdas da qualidade de vida também são sinais”.

Como evitar o esgotamento emocional?

A psicóloga explica que o primeiro passo é não se cobrar demais, mas buscar dimensionar e avaliar limites. “Organizar-se e saber delegar pode facilitar, reduzindo os impactos de uma possível sobrecarga. Além disso, facilita o reconhecimento dos limites, do que e quando é necessário fazer. Ademais, é importante dar tempo aos pensamentos, as ações e aos resultados em seus devidos momentos. Isso traz um planejamento mais adequado, sensação de maior leveza, possibilitando bem-estar”.

Outro aspecto relevante é ter tempo para alimentar sua qualidade de vida de forma curativa. “Buscar momentos de lazer e descontração de acordo com suas vontades e o que lhe causa bem-estar. Entre eles as práticas de esportes e atividades física, ler, ir ao cinema, ficar em casa com a família, ou seja, que tenham relação de relaxamento, tranquilidade e prazer”.

Por fim, junto aos fatores anteriores, busque cuidar da saúde mental e emocional com orientação, apoio e suporte profissional. “Muitas vezes, quando não está bem, o paciente acaba buscando ajuda. Nesse momento é importante, mas também pode ser de grande valia manter certo cuidado preventivo. Realizar terapia, tanto como prevenção como promoção de cuidados é uma forma de cuidado de forma integral”.

Reconhecer e realizar uma análise de que algo não está bem é o pontapé inicial para a melhora. “Seja na sua vida de forma ampla, no trabalho, no âmbito familiar ou social afetivo. E compreender que existem formas de cuidar, de melhorar, mudar e que ninguém está sozinho. A partir daí, conversar com a família e ou amigos muitas vezes traz conforto, e buscar ajuda profissional especializada como médico e psicológico”.

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